domingo, 30 de outubro de 2011

tsc.

mais perto.

encalhado nessa cidade assustadora, os sinais de trânsito estão balançando e os telefones estão mudos. o chão está estalando de frio. ela levou meu coração, eu acho que ela levou minha alma. com a lua eu corro rra longe da carnificina do sol impetuoso. movido pela veia saltada, sem mostrar piedade eu faço de novo. abra bem seus olhos. você continua a chorar, querida. eu te sangrarei até secar. os céus piscando para mim, eu vejo uma tempestade borbulhando de lá do oceano.

longing.

running with the streetlights, laughing at the grave he swears he's gonna give it up. It's never gonna be enough, I just wanna be there when you're all alone. thinkin' 'bout a better day when you had it in your bones. this could be the end, this could be the end, this could be the end, this could be the end. I see you in the evening sitting on your throne, playin' with a fireball.

kings.

a single book of matches gonna burn what's standing in the way. roaring down the mountain, now they're calling on the fire brigade (...)

é isso aí!

sem título não vale nada.

  Escrevemos para nos entendermos, ou vemos no ato de escrever uma fuga para algo que podemos nos tornar – ou queremos – e podemos desde que escrevamos sobre os nossos eus que subsistem? Eu acredito que o que eu escrevo não sendo eu, de certa maneira, já sou. Acredito que o que eu escrevo sem querer – querendo – é meu mesmo não sendo: mesmo aquilo que não posso ver, mesmo aquilo que vem dos confins que desconheço: conheço, a partir daí.
  Seria, então, um aborto provocado de sentimentos se eu, não sentindo nada, viesse expressá-los? Seria perigoso, mesmo para mim, exorbitar esses sentimentos uma vez que já estejam mortos? Mesmo que a morte que quase transparece, não seja morte, seja sono. Que seja desmaio. Que seja anseio de não voltar a sentir.
  Sentindo-se como se não sentisse. É engraçado o modo como os sentimentos conseguem essa impessoalidade impecável de sermos sem podermos explicar. Agora mesmo te digo que não sinto e logo te digo que sinto o nada. E aí tento ouvir o que o sentimento tenta me dizer: é muito baixo, não posso. Onde, mais uma vez digo: quanto mais me busco, mais me sinto perdido por não saber. E se buscar fosse esperar; e se esperar não fosse apenas aguardar por alguns dias, meses ou anos: e se fosse esperar pelo resto dos dias? Esperaria, eu? E se já não se tratasse de mim; se o que vivo e o que serei já me é inerente desde que nasci? Morreria, então, aguardando?

passei.

Não querendo escrever, escrevi. Não querendo precisar, precisei; da imensidão que só encontro no ato de escrever. Descrever. Re-escrever o que, de uma forma mal dita, renovo o querer de não deixar morrer. Começar pelo começo, eu diria. Re-dizendo, digo que o quê tento contar não tem começo; é mais como uma progressão que me entorpece; expande-me ao exorbitável. (Em mim, os edifícios caídos – reconstruídos, caem novamente.) Enquanto ao que guardo - ao aguardo de poder te contar - é grotesco. Quase transparece, mas é preciso mais que poder ver para enxergar. A escuridão é feita de camadas.
Vou lhes contar o óbvio que para vocês ainda é ausente: há muita decepção aqui. Queria refazer, remendar, poder juntar os pedaços que me faltam. Reunir em mim um nós que não me cabe. Crescemos tanto um no outro que não nos cabemos – e essa explosão de espectros de nós é tão dolorosa. Embora, dor não seja exatamente a palavra. É, se é permitido dizer; mais que a própria dor. E sabendo disto sou obrigado a lhe dizer que não sei nada. Uma vez que o quê eu saiba seja sobre algo que nem ao menos existe; sem nome. Entendendo que a falta de nome não menospreza o peso de se aguentar o que não se sabe; sei, mas desconheço. Desconhecendo, busco na inútil tentativa arrancá-lo de mim. Sei que não é possível, mas ainda tento; é a contradição de que preciso.
(Os sonhos e as ilusões têm uma forma engraçada de se fantasiar. Veja: estava sonhando e só agora percebi que não era sonho. E ai, outrora, quando nossas ilusões estão presas em jaulas percebemos que elas é que eram sonhos. Essas trocas de valores é que vão matando a gente pouco a pouco. Dói um bocado!)
Queria re-escrever sobre você que me dói, mas, à medida que fui re-escrevendo percebi que já não é sobre você. Não é mais. Sou apenas eu lutando contra mim mesmo. Essa dorzinha que re-descubro – re-entendo da forma que quase não me dói. 
O rascunho é o mais doloroso; agora só tento passar a limpo.

às vezes provar de algumas insanidades é tão bom. é tão vivo.

Sabe aquela coisa de olhar no espelho e repetir mil vezes que você pode? Descobri, agorinha, que não dá certo se não for sincero. – Nesses momentos desesperadores em que nos agarramos àquilo que outrora nos parecia tão insano, sabe? E provar de certas insanidades é tão bom. – Mas e aí, perguntei pro coração: E aí, amigo, como faz pra remendar esses trapos velhos se nem eu me acredito mais? Diz aí como a gente vai viver sem o espelho do nosso lado? A falta de amor nos impõe certas loucuras, temores, dores. A falta de amor em nós mesmos, dessa busca incessante por um amor que já nos vive, mas dorme. Tal falta que nos convence de que devemos procurar nos outros o que já é nosso. Obriga-nos a nos apoiarmos em falsas muletas. E caímos. Vivemos caindo – e como é difícil levantar – porque bordar sonhos, construir palácios inteiros com areia... é mórbido. E nós não aprendemos. – Não aprendo nunca a me amar. –

Pensei em me dar um tempo, sabe. Dar um tempo longe de mim, dos meus castelos. Ser-me em pé – não fingir, apenas ir me deixando ser levado pela maré. Sem rascunhos ou arte-final, só ir vivendo sem pensar no que será depois que terminar. Nunca se sabe onde a maré vai te levar.